A Medicina Personalizada é uma realidade. Hoje, é possível desenhar dispositivos médicos, incluindo implantes, de acordo com a anatomia de cada paciente, com base em exames de imagem. Isso possibilita a criação de uma gama de soluções que antes não eram possíveis, como por exemplo: a) placas para cranioplastia que mantém a simetria craniana do paciente, causando um efeito estético superior; b) próteses de joelho que seguem a anatomia do côndilo do paciente, levando a uma manutenção da curvatura natural do côndilo e provendo uma melhor sensação biomecânica ao paciente; c) guias para procedimentos cirúrgicos, onde regiões de corte ou de incisão podem ser definidas e apontadas de acordo com a anatomia interna do paciente, gerando cirurgias mais assertivas e menos invasivas. A ANVISA tem uma das legislações mais modernas do mundo quando o assunto são dispositivos médicos customizados, como estes. A RDC 305/2019, publicada pela ANVISA em Setembro de 2019, estabelece as regras para registro de dispositivos médicos personalizados. De maneira geral, a resolução estabelece que a avaliação de um produto personalizado não é muito diferente da avaliação de um produto “de prateleira”. Apenas, algumas regras adicionais, principalmente quanto a rastreabilidade e quanto a avaliação de segurança e eficácia, se aplicam. É natural que a rastreabilidade seja uma preocupação. Os produtos de prateleira, por serem iguais uns aos outros, podem ser intercambiados livremente entre si durante a fabricação, embalagem, expedição e logística. Já os produtos personalizados tem destino fixo: um paciente em específico. Uma troca durante o processo produtivo ou durante a logística pode causar consequências graves. Já a atenção especial quanto à comprovação de segurança e eficácia também é relevante. As empresas estão acostumadas a testar e avaliar produtos com design pré-estabelecido. Para um produto personalizado, que a cada paciente pode assumir uma forma, como garantir que o resultado final será sempre seguro e eficaz? Como a ANVISA endereçou estes e outros temas na RDC 305/2019 e como se adequar a eles? Na PARTE 02 desta série daremos mais detalhes! A MSC MED tem experiência no registro de dispositivos médicos customizados / personalizados na ANVISA. Se precisar de orientação, conte conosco.
(Re)Processing of Medical Devices
Alguns dispositivos médicos, como instrumentais cirúrgicos por exemplo, podem ser reutilizados. Para a reutilização, também é necessário processar (ou reprocessar) os dispositivos, e assim deixá-los aptos para uso novamente. Esse processamento envolve a limpeza e a reesterilização dos produtos. Produtos que passam por reprocessamento dezenas, ou até centenas de vezes são submetidos repetidamente a condições agressivas com relação a temperatura, umidade e pressão. Assim, é relevante avaliar a capacidade desses produtos a resistir à essas recorrentes condições adversas. Alguns parâmetros relevantes são corrosão, oxidação, integridade e funcionalidade. Além disso, também é relevante verificar se o processamento aplicado está sendo efetivo, isto é, se está atingindo níveis adequados de limpeza e esterilidade. Em outros regimes sanitários, como o alemão por exemplo, é permitido até mesmo o reprocessamento de implantes cirúrgicos. Neste sentido, é importante diferenciar o mero reprocessamento (limpeza reesterilização de um produto ainda não utilizado) do re-uso. Em muitos países da Europa e nos Estados Unidos, implantes podem ser reprocessados, mas não reutilizados. O regime brasileiro é mais rígido. A RDC 156/2006 estipula regras estritas para o reprocessamento de produtos médicos, e ainda há uma lista que contém diversos produtos que não podem ser reprocessados – contidos na Resolução RE 2605 de 2006, lista que inclui os produtos implantáveis. Houve, ao final de 2018 e início de 2019, um esforço para aproximar as regras brasileiras das regras citadas para outros países onde as regras mais para o processamento são menos rígidas. A Consulta Pública n° 584, de 20 de dezembro de 2018, foi publicada e sugeriu novas regras para o reprocessamento de dispositivos médicos no Brasil. Porém, a consulta pública nunca foi publicada como Resolução e, assim, não está vigente. Ainda assim, há diversos produtos de reprocessamento permitido mesmo com as regras atuais. Se você está projetando um desses produtos, é importante avaliar os métodos de reprocessamento, e principalmente a capacidade dos mesmos de resistir às condições repetidamente impostas para processá-los. Está interessado em validar o método de reprocessamento dos seus produtos? Faça contato conosco.
A COVID-19 e a regulação de dispositivos médicos
A COVID-19 e a regulação de dispositivos médicos A pandemia do novo coronavírus colocou em evidência o trabalho da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na regulação do mercado de dispositivos médicos. Ao mesmo tempo em que se fizeram necessárias ações e decisões liberalizantes por parte da agência para ampliar a oferta de produtos essenciais para o tratamento dos pacientes e proteção de profissionais da saúde, também foram publicadas na imprensa manifestações de preocupação de profissionais e de entes da sociedade com relação à qualidade dos produtos que chegam na linha de frente do combate à doença. A necessidade foi (e ainda é) equilibrar o aumento súbito da demanda por equipamentos e materiais de uso em saúde necessários para tratamento da COVID-19 e o rigor necessário na avaliação de qualidade dos produtos que podem ser oferecidos no mercado brasileiro. Abaixo, iremos resumir de forma breve as ações liberalizantes tomadas para três itens chave no combate ao vírus, e daremos dicas para os usuários conferirem a qualidade dos produtos. VENTILADORES PULMONARES Antes da pandemia, empresas fabricantes de ventiladores pulmonares (e outros produtos médicos de alta classe de risco) precisavam apresentar certificado de boas práticas de fabricação (CBPF) emitido pela Anvisa como parte da documentação para registro. Geralmente, o tempo necessário para obter todas as licenças, começando pela ocupação de um imóvel até a CBPF situa-se entre um a dois anos. Além disso, em tempos anteriores à pandemia, ventiladores pulmonares também precisavam de certificação INMETRO, emitida por um Organismo Certificador de Produtos (OCP). Essas duas regras mudaram para os ventiladores pulmonares, como resposta à pandemia. As RDCs 349/2020 e 379/2020 dispensaram empresas da obrigação de apresentarem CBPF para registrarem ventiladores pulmonares. A RDC 349/2020 dispensa a necessidade de certificado INMETRO para registro de produtos estratégicos, pelo período de um ano. Porém, ainda é responsabilidade do importador ou fabricante de demonstrar a segurança e a eficácia do produto. Sendo assim, é necessário realizar uma série de testes de funcionalidade, de segurança elétrica, eletromagnética, usabilidade, etc. A diferença é que este racional de desenvolvimento está sendo avaliado, excepcionalmente, diretamente pelos técnicos da Anvisa, o que poupa tempo relacionado à atividades burocráticas. Ainda assim, os requisitos técnicos são parecidos com os tempos pré-pandemia, variando com relação aos tipos de ventilador mecânico disponíveis no mercado (para cuidados críticos, para transporte, etc). A MSC MED trabalha atualmente na metodologia de validação de ventiladores pulmonares que, em breve, serão utilizados no tratamento da COVID-19. Dicas, se você é usuário: questione ao fornecedor se o produto segue as normas aplicáveis, e se o mesmo foi certificado e registrado antes ou após a pandemia. Se após, questione se o processo de testes e avaliação de segurança passou pela orientação de uma empresa especializada ou de uma OCP. KITS DIAGNÓSTICO PARA COVID-19 O Kit Diagnóstico para COVID 19 também é um produto que, em condições normais, precisa de Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) do fabricante para ser comercializado. A concessão de CBPF para os fabricantes no exterior foi simplificada com a RDC 349/2020 para os tempos de pandemia. A Gevit (Gerência da Anvisa que trabalha com produtos para diagnóstico) trabalha com a concessão de registros em prazos muito curtos – que estão girando em 7 a 14 dias. Hoje, as empresas podem até mesmo importar testes de COVID-19 que não tem registro – desde a publicação da RDC 379/2020 – porém muitos importadores optam por ter o registro, o que possibilita a venda para drogarias ou clientes estratégicos que fazem esta exigência. A MSC MED trabalhou e trabalha na regularização de testes para COVID-19 perante a Anvisa. Também, auxilia as empresas na interpretação de estudos clínicos, de especificidade e sensibilidade, bem como nos testes de estabilidade necessários para o registro destes produtos. Dicas, se você é usuário: atenção para os valores de sensibilidade (relacionado à percentagem de falsos positivos) e de especificidade (relacionado à percentagem de falsos negativos). Essas informações estão nas instruções de uso do produto. Uma instrução de uso completa irá, inclusive, apresentar em quantos indivíduos os resultados de ensaios foram analisados. Quanto maiores as populações testadas, mais confiáveis são os resultados. MÁSCARAS CIRÚRGICAS E N95 As máscaras cirúrgicas comuns necessitavam apenas de um simples cadastro na Anvisa antes da pandemia. Já as máscaras N95 necessitavam também de certificação INMETRO. A RDC 349/2020 suspendeu a necessidade de certificação por um ano, para obtenção de registro. Ainda, a RDC 379/2020 libera a importação dos EPIs, incluindo máscaras comuns e N95, sem qualquer tipo de registro ou de autorização da empresa perante a Anvisa. As medidas regulatórias referentes a estes produtos foram extremamente liberalizantes, devido ao fato dos mesmos terem sido aqueles cujo desabastecimento foi mais crítico no início da pandemia. Com a situação da oferta se estabilizando, recomenda-se cuidado na aquisição e oferta de produtos, prezando pelos produtos que apresentam comprovação de segurança e eficácia. Dicas, se você é usuário: no caso de máscaras N95, verifique se o fabricante ou importador do produto possui certificação do INMETRO. Embora, hoje, não haja a necessidade legal do certificado para a venda, aqueles que quiserem solicitar a certificação, mesmo durante a pandemia, podem obtê-la. Para conseguir a certificação, é necessário apresentar uma série de testes realizados com os produtos, o que aumenta o nível de confiança na qualidade dos mesmos. Para máscaras cirúrgicas comuns, recomenda-se a utilização de produtos com cadastro na Anvisa, pois realizar o cadastro é relativamente simples e denota que a empresa fornecedora busca cumprir com as obrigações legais. DEMAIS PRODUTOS A MSC MED pode auxiliá-lo na regularização de produtos médicos perante a Anvisa. Outros produtos que tem apresentado grande procura são termômetros com medição por infravermelho, oxímetros, face-shields e outros EPIs. Entre em contato conosco caso tenha alguma dúvida. Vale ressaltar que, embora a necessidade de cadastro/registro na Anvisa e certificação INMETRO tenham sido dispensada para diversos produtos, as empresas precisam manter documentação interna que comprove que os produtos ofertados seguem a legislação vigente e foram avaliados de forma correta. A MSC MED pode auxiliar a sua empresa com essas atividades.
Revisão das Normas Técnicas de Próteses de Quadril e Joelho podem gerar impacto regulatório
Duas das principais normas técnicas publicadas pelo comitê de implantes para cirurgia da ISO (ISO/TC 150) estão entrando em fase de revisão: a ISO 21536, norma de requisitos para implantes de substituição articular de joelho, e a ISO 21535, norma de requisitos para implantes de substituição articular de quadril. Embora ainda em fase inicial de revisão (New Work Item Proposal), as mudanças desenhadas nos drafts indicam grandes alterações nos métodos de avaliação de desempenho desses dispositivos. O que muda? A principal alteração proposta pelas normas é a indicação de um método preferencial para avaliação dos resultados obtidos nos ensaios realizados nas próteses de quadril e de joelho. As primeiras versões do novo texto indicam que os resultados obtidos nos ensaios devem ser preferencialmente comparados com os resultados obtidos, no mesmo ensaio, por produtos predicados com histórico de sucesso clínico. Ambos os ensaios precisam ser realizado sob as mesmas condições, o que pode implicar na realização side-by-side, isto é, simultânea dos dois ensaios. Impacto regulatório. E financeiro também. Segundo Darlan Dallacosta, coordenador da comissão de estudos de implantes para artroplastia, do comitê odonto-médico-hospitalar da ABNT (ABNT CB-26), a mudança pode trazer grande impacto para os fabricantes. “Caso o fabricante não tenha uma versão antiga do seu produto, ou não tenha dados de pós-mercado para sustentar que há sucesso clínico para ele, além de fabricar os corpos de prova objeto de ensaio, ele também terá de comprar no mercado os produtos do concorrente e pagar por dois ensaios, o que é significativamente diferente em comparação com o que é a prática hoje, até mesmo em termos financeiros”. Além disso, deverá ser apresentada comprovação de que o produto predicado apresenta histórico de sucesso clínico o que muitas vezes não é fácil de ser obtido ou quantificado. “Essa informação está com o concorrente, que provavelmente não irá abri-la”, completa Darlan. Heitor Korndorfer, diretor da MSC MED, enxerga outros problemas na proposta de revisão como se encontra hoje. “Ao dizer que há um método preferencial de se comparar um dispositivo médico com um predicado, será difícil que a obtenção de resultado inferior ao produto predicado leve a aprovação do produto do mercado. Porém, não é por que o produto apresentou resultado inferior ao predicado para um ou alguns ensaios, que ele não será seguro para o uso clínico.” Na opinião de Heitor, a norma deve retirar a condição preferencial, permitindo a comparação dos resultados dos ensaios com dados obtidos na literatura como um método tão legítimo quanto o primeiro. “Ao meu ver e sob uma ótica regulatória, seria a melhor maneira”. Quando a norma será publicada Como a norma ainda está em fase inicial de revisão, não há previsão para a sua publicação e nem sabe-se se o texto final se manterá como se encontra hoje. Para os especialistas e estudiosos da área, é possível participar das votações e opinar na elaboração de normas ISO através da participação nas reuniões mensais das comissões de estudo de implantes para cirurgia do comitê odonto-médico-hospitalar da ABNT (ABNT CB-26). As reuniões acontecem mensalmente em São Paulo, com transmissão e possibilidade de participação online. Para mais detalhes, consulte a secretaria do CB-26 clicando aqui. MSC MED A MSC MED envia especialistas para os principais fóruns de discussão normativa do Brasil e do mundo, como ABNT, ASTM e ISO. Essas atividades beneficiam nossos clientes na previsão de impacto regulatório das discussões e decisões técnicas tomadas no âmbito normativo e na assertividade das avaliações pré-clínicas elaboradas pelo nosso time. Conte conosco para estar sempre bem orientado e avaliar os seus produtos com os entendimentos mais atualizados do setor.
Seis riscos não avaliados em ensaios normatizados de dispositivos médicos #1
Normas técnicas possuem papel fundamental na fase de projeto de dispositivos médicos, balizando as decisões dos desenvolvedores para obtenção de produtos seguros e eficazes. Geralmente, para cada produto existe uma gama de normas técnicas disponíveis e aplicáveis, descrevendo especificações e métodos de ensaio baseados na utilização pretendida do produto e nos riscos associados ao seu uso clínico. Via de regra, as normas técnicas são elaboradas tomando-se por base os resultados clínicos observados para produtos similares entre si e lançados no mercado. Diversos fatores são mapeados, como histórico de falhas dos produtos, diferenças entre projetos e funcionalidade biomecânica, permitindo que parâmetros chave e métodos de avalia-los. Contudo, a dinâmica acelerada do setor odonto-médico-hospitalar resulta constantemente na criação de novos produtos por meio de variações geométricas, de materiais ou mudanças conceituais inovadoras, sendo necessário o desenvolvimento de novos métodos de ensaios aplicáveis a estes novos produtos. Como é preciso tempo e muita discussão técnica até que a obtenção de um consenso entre a comunidade científica seja transformada em Norma Técnica, muitas vezes fatores de risco no uso de dispositivos médicos implantáveis são identificados anteriormente à existência de uma norma técnica especificamente associada àquele risco. Nestes casos, a realização de ensaios não normatizados que busquem mimetizar a configuração biomecânica originária do risco torna-se o meio mais indicado para verificar a segurança do projeto do produto médico em desenvolvimento. Visando antecipar a necessidade de análises e ensaios vamos dividir esse post em duas publicações onde apresentaremos situações onde há histórico de eventos adversos no uso clínico, ou seja, riscos, mas não existem normas técnicas publicadas que definem métodos de ensaio para medi-los. Os posts serão publicados toda quarta-feira. #1 Falha durante a impactação de cages intervertebrais Segundo dados do FDA (Food and Drug Agency – FDA), nos últimos anos houveram mais de 750 relatos e notificações de falhas de cages no intra-operatório devido à impactação. Também foram notificadas ao FDA mais de 270 falhas de instrumentos insertores nas mesmas condições. Esse número trata apenas das vezes que o FDA foi notificado: o número real de casos pode ser bem maior. O modo de falha mais comum é a ruptura do cage ao ser impactado. Simulações numéricas e método de ensaio específico podem ser aplicados para mitigar este risco. 2. Cut-out em parafuso trocantérico O método preferido para tratar fraturas pertrocantéricas de quadril é a utilização de uma haste intramedular, ou placa óssea, com acoplamento de parafuso trocantérico, também conhecido como lag-screw. Em mais de 95% dos casos o tratamento é bem sucedido. Contudo, para alguns grupos de risco, como pacientes com osteoporose, situações de fratura instável e má redução, a taxa de complicação pode chegar a 20%. O principal modo de falha deste tipo de dispositivo é a migração da cabeça femoral em varo e retroversão, seguido de extrusão do parafuso na cabeça femoral (cut-out). Embora seja o principal modo de falha deste tipo de dispositivo, ainda não há norma técnica de ensaio que avalie este risco clínico. Ensaios biomecânicos podem auxiliar na mitigação deste risco. 3. Extrusão / arrancamento de roscas de parafusos bloqueados em sistemas de fixação rígida A avaliação de parâmetros relativos ao arrancamento do parafuso em relação ao osso é realizada por ensaio bem definido e publicado já há muitos anos em norma técnica, sendo um dos ensaios de dispositivos médicos mais realizados no mundo. Entretanto, o arrancamento/extrusão da rosca do sistema placa-parafuso, característico dos sistemas de fixação bloqueada, não é avaliado por nenhum método de ensaio definido em normas técnicas. Este fenômeno costuma acontecer com frequência, e está ligado a má redução de fraturas e a falhas de projeto, como você já viu aqui. Ensaios mecânicos de sistema placa-parafuso permitem avaliar o potencial de falha associado ao seu projeto específico. Os dispositivos que não passam por ensaios não-normatizados são seguros? Cabe lembrar que a submissão de um dispositivo médico a ensaio mecânico e/ou biomecânico é apenas uma das maneiras de mitigar riscos identificados durante a fase de projeto. O importante é que todos os riscos de falha sejam mapeados e mensurados. Existem diferentes abordagens para a mitigação de riscos, como a avaliação tecnológica do projeto e a realização de análises computacionais, por exemplo. O desenvolvimento e a realização de ensaios não normatizados é recomendado nos casos onde a mitigação do risco não foi alcançada de maneira satisfatória por outra estratégia. MSC MED – Avaliação Pré-Clínica de Dispositivos Médicos A MSC MED é especialista em avaliação pré-clínica de dispositivos médicos. Conte conosco para a avaliação de segurança e eficácia de seu produto, obtendo a correlação entre os resultados dos ensaios de seu produto e o provável desempenho clínico deste em uso. Iremos lhes orientar para a obtenção da autorização de comercialização por órgãos reguladores, como ANVISA, FDA e Marcação CE.
Os principais modos de falhas de placas de fixação interna para membros inferiores.
Conforme mostramos nesse post aqui, as fraturas ósseas geram grande preocupação para a saúde pública e a principal forma de tratamento é através do uso de placas de fixação interna. Para a avaliação pré-clínica de produtos médicos, é necessário mapear os principais modos de falha apresentados pelos produtos como parte de um sistema de gerenciamento de riscos. Por esta razão, estamos fazendo uma série de posts baseados em um artigo que reuniu as principais causas de falhas em placas ósseas. Desta vez vamos falar dos modos de falha em membros inferiores. MEMBROS INFERIORES Osteotomia Alta da Tíbia O procedimento de Osteotomia Alta da Tíbia ocupou o segundo lugar em ocorrência de falhas em placas, apresentando uma alta taxa de fraturas secundárias à fixação de placas anatômicas. Foram encontradas taxas significativas de complicações, que incluíam pseudoartrose, fratura do córtex lateral da tíbia e perda da correção. Diante disso, a utilização de placas mais longas e maiores nestes procedimentos, por sua maior estabilidade tanto a forças de compressão quanto de torção, é recomendada. Fraturas Distais do Fêmur Na avaliação de fraturas distais do Fêmur foram encontradas muitas falhas de placas anatômicas. A quebra da placa, principalmente ao nível da fratura, o afrouxamento de parafusos da porção proximal, e a quebra de parafusos da porção condilar do implante foram os modos de falhas mais frequentes dos casos encontrados. Possíveis desvantagens do uso destes dispositivos para o tratamento de fraturas distais de Fêmur incluem a dificuldade na redução do componente metafiseal-diafiseal e na colocação precisa do componente fixador. Além disso, sua utilização é tecnicamente exigente pois a redução da fratura e sua fixação precisam ser obtidas e realizadas simultaneamente. Fraturas Periprostéticas do Fêmur Apesar desta revisão ter encontrado poucas falhas de placas anatômicas usadas para o tratamento de fraturas periprostéticas do Fêmur, este grupo respondeu pelo maior número de quebras de placas, 45,83%, dentre todas as falhas para este evento. O mecanismo causador desta falha estaria relacionado à qualidade óssea do paciente, configuração da fratura e às condições dos tecidos adjacentes (partes moles). Estudos advertem sobre o aumento no risco de quebra dos implantes em fixações excessivamente rígidas, com o uso de muitos parafusos, devido à concentração de tensão na área da fratura. Além disso, a presença de fatores de instabilidade medial, como algumas configurações de fratura ou na presença de defeitos ósseos, são situações para se considerar o uso de enxertos de suporte para o córtex medial do Fêmur, a fim de aumentar a estabilidade e reduzir o estresse sobre a região fraturada. Fraturas Trocantéricas do Fêmur As falhas de placas reportadas nas fraturas trocantéricas do fêmur possuem mecanismos similares às falhas em fraturas periprostéticas. Isto é, configuração da fratura, qualidade óssea e qualidade dos tecidos adjacentes. Além disso, uma quantidade significativa de falhas por entortamento e quebra de placas em fraturas subtrocantéricas em espiral e em três partes foi encontrada. Avaliação dos nossos especialistas Avaliando os dados obtidos nos artigos científicos especializados, notamos que, para membros inferiores, o modo de falha que mais ocorre é fadiga e consequente ruptura da placa ao nível da fratura. A quebra das placas aconteceu com mais frequência nos dispositivos utilizados para o tratamento de fraturas distais do Fêmur, seguido pelas fraturas periprostéticas e trocantéricas do fêmur. A região do fêmur é uma das regiões do corpo onde as cargas cíclicas são mais elevadas, em conjunto com a região da coluna lombar. Este mecanismo de elevada carga, juntamente com possíveis dificuldades da equipe médica causadas pela complexidade de algumas situações, são as causas que mais direcionam à falha em placas implantáveis localizadas em membros inferiores. O modo de falha por ruptura da placa é característico de fenômeno de fadiga, o que pode ser causado por sobrecarga cíclica na placa em relação ao que foi previsto no projeto, ou por defeitos de fabricação. Já o modo de falha por entortamento, conforme identificado nas fraturas trocantéricas, por exemplo, é causado por sobrecarga em único ciclo, que pode ter como origem o impacto ou quedas do paciente. Gerenciamento de Riscos Em um sistema de Boas Práticas para desenvolvimento e fabricação de dispositivos médicos, é necessário que seja implementado um sistema de gerenciamento de riscos. Dentro desse sistema, o levantamento das causas de falha mais comuns é tido como um dos principais parâmetros de entrada. Isso é cobrado por diversas agências reguladoras, como por exemplo a ANVISA, que na RDC 56/2001 (Requisitos Essenciais de Segurança e Eficácia de Produtos para Saúde) atesta que o fabricante “deverá estabelecer, documentar e manter durante o ciclo de vida do produto, um processo contínuo para identificação das potenciais fontes de dano associados ao material de uso em saúde, estimando e avaliando os riscos associados”. Conte Conosco A MSC MED auxilia diversos fabricantes, importadores, desenvolvedores e multinacionais do ramo de dispositivos médicos implantáveis para ortopedia no levantamento de potenciais riscos e no tratamento destes, por meio de protocolos de validação pré-clínica. Esse trabalho é realizado com o objetivo de obter a aprovação pré-mercado dos dispositivos no mercado brasileiro e internacional. Referência ESPERIDIÃO, Alexandre Batista et al. MODOS DE FALHAS DE PLACAS ANATÔMICAS EM FRATURAS DE OSSOS LONGOS.In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA BIOMECÂNICA, 6., 2018. Águas de Lindóia: Abcm, 2018.
Modos de falhas de placas de fixação interna de Membros Superiores
As fraturas ósseas correspondem a 40% das injúrias não fatais e 16,2 milhões de casos ocorrem no mundo anualmente. Seu tratamento pode ser cirúrgico ou não cirúrgico, sendo a fixação interna uma das principais opções de tratamento. Este processo de fixação se dá através do uso de implantes, principalmente placas, que permitem regeneração e osteossíntese. Placas anatômicas podem apresentar falhas por diversos motivos, e, em virtude disso, podem levar à necessidade de cirurgias de revisão. Isso traz problemas ao paciente e à saúde pública, uma vez que tratam-se de procedimentos de alto custo. Tendo isso em vista, estudos foram desenvolvidos visando minimizar esses problemas ainda na fase pré-clínica de avaliação dos dispositivos. Dentre os diversos modos de falhas em placas de fixação interna e os sítios de fratura existentes, um artigo analisou as principais publicações e bases de dados a respeito e elencou as mais comuns. Dividimos em uma série de posts visando abordar melhor cada região de falha e suas causas. MEMBROS SUPERIORES Fraturas Proximais do Úmero Entre membros superiores, o úmero proximal é o sítio de fratura onde mais ocorrem falhas de placas ósseas. As falhas mais presentes nesse tipo de fratura foram: Extrusão dos parafusos bloqueados e invasão do espaço articular por meio de perfuração incorreta do osso. Esses tipos de falha acontecem majoritariamente por erros técnicos durante a cirurgia, como reduções anatômicas ruins e principalmente indicações inadequadas de tratamento. O uso desmedido de placas de fixação interna para fraturas de úmero proximal pode resultar em altas taxas de falha na redução anatômica, fraturas com luxação, fragmentação ou desconexão da cabeça umeral com o segmento metafiseal. Deve-se ter atenção ao optar por este tratamento para os casos em que não se pode garantir a estabilidade da fratura e na vigência de deficiências ósseas (como osteopenia ou necrose avascular). Isso se deve à limitações nos próprios projetos dos implantes. O mecanismo de bloqueio de alguns parafusos pode levar o cirurgião a superestimar a fixação, gerando uma sensação de estabilidade daquele componente. Essa ilusão de uma ligação satisfatória pode esconder uma fixação instável e passível de colapso. Arrancamento do conjunto placa-parafusos da cabeça umeral seguido de deslocamento da fratura em varo. Neste caso, pode-se atribuir as falhas a uma série de erros técnicos, que incluem a não utilização de bandas de tensão sobre as tuberosidades, suporte medial inadequado devido aos parafusos que não alcançaram o osso subcondral, e não aplicação de enxertos ósseos na cominuição da porção medial ou nos defeitos ósseos existentes. Avaliação dos nossos especialistas Nota-se que, dentro dos modos de falha observados em placas para membros superiores, neste e em outros artigos, não foram notadas falhas por ruptura em fadiga. Isso pode ser interpretado como esperado, visto que os membros superiores não são expostos a cargas cíclicas devido a transmissão de carregamentos oriundos da marcha humana. Sendo assim, os modos de falhas observados em placas posicionadas em membros superiores (úmero, rádio, clavícula, entre outros) foram provenientes principalmente de quedas do paciente, de equívocos ocorridos na cirurgia ou de falhas de projeto de roscas dos parafusos, que levaram a arrancamento ou extrusão dos mesmos. No próximo artigo da série veremos que a situação é oposta para placas localizadas em membros inferiores. Falhas ocorridas no intraoperatório não foram computadas por esse trabalho. Gerenciamento de Riscos Em um sistema de Boas Práticas para desenvolvimento e fabricação de dispositivos médicos, é necessário que seja implementado um sistema de gerenciamento de riscos. Dentro desse sistema, o levantamento das causas de falha mais comuns é tido como um dos principais parâmetros de entrada. Isso é cobrado por diversas agências reguladoras, como por exemplo a ANVISA, que na RDC 56/2001 (Requisitos Essenciais de Segurança e Eficácia de Produtos para Saúde) atesta que o fabricante “deverá estabelecer, documentar e manter durante o ciclo de vida do produto, um processo contínuo para identificação das potenciais fontes de dano associados ao material de uso em saúde, estimando e avaliando os riscos associados”. Conte Conosco A MSC MED auxilia diversos fabricantes, importadores, desenvolvedores e multinacionais do ramo de dispositivos médicos implantáveis para ortopedia no levantamento de potenciais riscos e no tratamento destes, por meio de protocolos de validação pré-clínica. Esse trabalho é realizado com o objetivo de obter a aprovação pré-mercado dos dispositivos no mercado brasileiro e internacional. Referência ESPERIDIÃO, Alexandre Batista et al. MODOS DE FALHAS DE PLACAS ANATÔMICAS EM FRATURAS DE OSSOS LONGOS. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA BIOMECÂNICA, 6., 2018. Águas de Lindóia: Abcm, 2018.
Normatização para Implantes Cirúrgicos | Curso Intensivo
Um dos principais motivos para indeferimentos na ANVISA no registro de implantes é o não conhecimento das regras e normas aplicáveis. Para facilitar o entendimento destas, o Engenheiro Mecânico Heitor Korndorfer, CEO da MSC MED e o Mestre em Engenharia Mecânica e CEO da SCiTec, Darlan Dallacosta vão ministrar um Curso Intensivo no dia 20 de abril, em São Paulo (SP). O evento acontecerá no Hotel Estanplaza Nações Unidas, das 9h às 17h e tem vagas limitadas. Na pauta, serão apresentados temas como: o papel das normas no comércio nacional e internacional, as diferenças entre os regramentos da ASTM, ISO e ABNT e a aplicação das normas técnicas de produto no âmbito de assuntos regulatórios. As normas de especificações e requisitos para dispositivos médicos farão parte da explanação do turno da tarde. Estão no programa também os conceitos de avaliação de segurança e eficácia de produtos e as normas de métodos de ensaio. Para fechar o intensivo será proposta uma mesa redonda para debater as exigências técnicas da ANVISA. Os interessados poderão enviar antecipadamente sua exigência para ser avaliada na ocasião. Serviço: O que: Curso Intensivo de Normatização para Implantes Cirúrgicos Quando: dia 20/04, das 9h às 17h Local: Estanplaza Nações Unidas, Rua Guararapes, 1889 – Brooklin Novo – São Paulo(SP) Brasil Investimento: R$ 275,00 até 20/03 – R$ 325,00 até 05/04 – R$ 375,00 até 18/04 Inscrições: Encerradas. Maiores Informações: (48) 3236.7401/ mscmed@mscmed.com.br Sobre os instrutores: Darlan Dallacosta – Mestre em Engenharia Mecânica. É secretário do comitê de implantes para substituição de articulações e osos da ABNT (CE 26.070.04) e coordenador do comitê de materiais biomédicos da ABNT (CE26.070.01). Atua como membro do comitê F04 (Medical and Surgical Materials and Devices) da ASTM (American Society os Testig Materials) e CEO da Scitec, laboratório de ensaios para avaliação de materiais e produtos acabados. Heitor Korndorfer – Engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Paraná. Atuou como Gerente Técnico do Laboratório de Engenharia Biomecânica da UFSC, um dos principais centros de pesquisa de dispositivos médicos no Brasil, sendo responsável pelo gerenciamento técnico e dos ensaios realizados no laboratório. É secretário do comitê de implantes para trauma e coluna da ABNT (CE 26.070.05 – Osteossíntese e Coluna), atuando na área de normatização. e membro do comitê F04 (Medical and Surgical Materials and Devices) da ASTM (American Society of Testing Materials). Atua como CEO da MSC MED, empresa que oferece orientação técnica e científica no desenvolvimento e avaliação de dispositivos médicos e produtos para a saúde.
Comitê da ASTM discute a aprovação de nova norma para ensaios em placas ósseas de pequenas dimensões
Circula para avaliação dos especialistas da ASTM proposta para criação da norma técnica para ensaios mecânicos específicos para placas ósseas de pequenas dimensões. Esta proposta de norma da ASTM pode aplicar-se a placas de mini e microfragmentos, bem como craniomaxilofaciais (CMF), e oficializa alguns métodos de ensaio que já eram utilizados informalmente por diversos fabricantes interessados em avaliar os seus produtos. A nova proposição de norma permite a avaliação das placas em torção, em flexão em balanço e em flexão três pontos. Isso possibilita escolher um método que se aplique melhor a geometria da placa que se deseja avaliar. De acordo com o Eng. Heitor Korndorfer, CEO da MSc Med, que é membro votante da ASTM desde 2015 e atual responsável pela revisão das normas relativas a parafusos ósseos na associação, “a nova norma fornece mais opções e deixa claro que cabe ao usuário definir o método que melhor se aplica ao seu produto. É sem dúvidas um avanço, já que a ASTM F382 possui limitantes”.
Proposta para norma de avaliação de desgaste de prótese de quadril segue para votação
Na reunião anual do comitê ISO TC150/SC4, realizada em Nagoya no Japão, foi continuada a discussão da proposta de criação da norma técnica para o ensaio de avaliação de desgaste em configurações de mau posicionamento de próteses de quadril. Essa proposição inicial, que causou alguma polêmica entre os especialistas, avalia o efeito do mau posicionamento do par tribológico durante o procedimento cirúrgico no desempenho de desgaste do produto. Após a afirmação de pesquisadores de que o carregamento de borda proveniente do mau posicionamento da prótese ocorre clinicamente, esta proposta de norma apresenta uma matriz de parâmetros que podem auxiliar na avaliação da influência do posicionamento da prótese durante a cirurgia e seu possível desgaste in vivo. Este carregamento de borda é resultado da restrição geométrica aos movimentos angulares devido à superfície não-esférica do copo acetabular. A ocorrência desse carregamento é caracterizada quando a força durante uma condição estática ou dinâmica é elevada, causando uma alteração no posicionamento do centro da cabeça femoral e o centro do copo acetabular. Configurações de ensaio que preveem “mau posicionamento” de um componente costumam não ser bem aceitas por alguns especialistas. O argumento é que os produtos são projetados para uma determinada configuração e, erros na técnica cirúrgica são situações sobre os quais o fabricante não tem responsabilidade. Contudo, outra corrente de especialistas acredita que os projetos de produtos médicos precisam ser robustos a ponto de apresentarem segurança mesmo em configurações que diferem sensivelmente da condição ótima de projeto. Não há previsão para publicação da norma. Para o Eng. Heitor Korndorfer, CEO da MSc Med, esses movimentos devem ser vistos com cuidado, “A padronização de ensaios por meio de normas ISO é delicada, pois pode levar as agências reguladoras a perceber estes ensaios como obrigatórios, e não apenas como uma padronização de método de ensaio, como os especialistas internacionais estão vendo. É preciso ter cautela”. A MSc Med envia especialistas para os principais fóruns da área de dispositivos médicos. O próximo evento previsto será a ASTM Meeting, a ser realizado de 13 a 16 de novembro em Atlanta – EUA.